1. |
Leito de Migalhas
05:14
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Palha desfeita
Resto de colheita
Deita, descansa
Num leito de migalhas
Se você puder me perdoar
São milhares minhas dores
E se tem fim (ou não)
Se tem fim (não sei)
Se tem fim
Seiva, azeite
Um copo de leite
Deita, descansa
Num leito de migalhas
Um dia eu vou saber para quem trabalho eu
E até lá, tanto faz (ou não)
Tanto fez (não sei)
E outros clichês
Eu vi você chorar
“Quanto falta ou quando vai passar?”
Como o passo do rebanho
Que se apanha no relento
Tudo passa tão depressa
Eu fiz você chorar
“Quanto falta ou quando vai passar?”
Como o passo do rebanho
Que se apanha no relento
Tudo passa tão depressa
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2. |
Lençóis de Algodão
03:11
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Vi suspenso em pleno ar
Preso pelo tempo
E sua corrente
Eu cresci com medo
Raiva entre os dedos
Lençóis de algodão
Dentes de leão
Segredos
Um rosário de sementes
Meus dentes de leite
Ainda estão rangendo
Quanto ao meu passado
Fechado a sete chaves
Lençóis de algodão
Dentes de leão
Cerrados
Tudo que eu já vi
Ai, as coisas que passei
Um autorretrato desaparecendo
Meus dias na cama
Gastos e zangados
Lençóis de algodão
Dentes de leão
Cravados
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3. |
Naderda
01:21
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4. |
Raiva
03:25
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Bem vindo entre nós
Nosso salvador
Adorador, a dor
Devorador, a dor
Nosso salvador
tem a mesma voz
Dos pais dos seus pais
Chora como um pássaro
Que rasga o próprio peito
E deixa para os filhos
Raiva
Dobra o seu corpo
Salvador
Ao círculo do tempo
E encontra a dor
Que ainda ecoa aí
Chora como um pássaro
O bico contra o peito
Entoa o seu hino
De palavras inflamadas
Com a língua tenra
Raiva
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5. |
A Fome de Saturno
03:16
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Um vulto aguarda esquecido
Nos cantos da casa
Diz que não culpa
Mas todo homem tem
Pousando a mão no peito
Expõe meus defeitos
Um rosto abatido
Que todo homem tem
Eu escondo a mancha
A fome de Saturno
Devorando um filho
Que todo homem tem
Um pesadelo
Desperta enquanto durmo
É a fome de Saturno
Que todo homem tem
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6. |
Madrepérola
03:28
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Teu olhar austero tem um brilho
Madrepérola
De pedra esculpida
A cara do pai
E até que os dentes caiam um a um
Madrepérolas
Eu mordo a língua
E falo da vida
Com a boca ferida
Cheia de espuma
Madrepérola
As joias da família tem um brilho
Madrepérola
Glória e orgulho
Montes de entulho
Calcário espalhado no quintal
Ruínas e mistérios
As histórias dos mais velhos
Um império madrepérola
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7. |
Lúcia
00:58
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8. |
O Guarani
03:31
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Ai Brasil
Meu Brasil
Ao menos faça jus
Ao peso do teu nome
E arde devagar
Enquanto ainda dorme
Sonha a fantasia
De uma profecia
Que nunca aconteceu
Deitado eternamente
Num berço
Um eterno berço da infância
Sempre criança
Com teus autos de fé
Tua memória fraca
Tua história branca
O delírio de um guarani
Que não pode e não vai voltar
Pra casa
Ao menos faça jus
Ao peso do teu nome
E arde devagar
Enquanto ainda dorme
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9. |
Pele de Cordeiro
03:07
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Essa pele de cordeiro
Cobre o campo como espuma
O manto da bruma da manhã
Os rastros dessa mágoa
Afundam em falhas desiguais
Nossa carne
Lilás
Reclama a grama amassada
Enquanto traço o trilho e alinho o pasto
Pisoteado de cavalos mansos
O rebanho masca o ranço do capim
Alcançam o meu pescoço
E descanso a carcaça no jardim
Nossa carne desgarrada
Maculada
Carmim
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10. |
Carne Mármore
02:38
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Onde o mar é branco, branco, branco…
Eu me vejo em ti
Carne mármore
Eu canto entre os dentes
Carne mármore
A força do passado
Carne mármore
Que reconduz ao erro
Aos becos que conheço
Carne mármore
Quando eu canto assim
Com essa voz roída
Com o peso da memória
Na entonação da vida
Carne Mármore
Branco como o mar
Eu canto além do que é dado a sonhar
Carne mármore
Eu nunca vou morrer
Esse foi meu delírio
Labirinto do tempo
A imagem do filho
Um sudário em marfim
Você era idêntico a mim
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